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Mala Amarela

Marco Brasil

Letra

    Era 4:30, passava um pouquinho
    E um fosco clarinho rasgava o barjão
    Era o trem noturno, que vinha apontando
    E logo parando na velha estação
    Meu corpo tremia, meus olhos molhados
    O meu pai do lado e a mala no chão
    Beijei o seu rosto e disse na hora
    O mundo lá fora me espera paizão

    Entrei no vagão, corri pra janela
    E a mala amarela do velho catei
    O trem deu partida, soprou bruscamente
    E ali novamente sua mão eu beijei
    Um pouco pra adiante vi minha casinha
    E a minha mãezinha de pé no portão
    Ela não me viu e no trem na corrida
    Ouvi as latidas do velho sultão

    Um certo senhor da poltrona vizinha
    Me dizia que vinha do paranazão
    E disse também de um jeito cortez
    É a primeira vez que deixo o sertão
    Pedi seu conselho e ele me disse
    Seu moço a velhice é dura demais
    Eu sou bem mais velho e posso aconselhar
    É duro ficar distante dos pais
    Eu nunca esqueci o que o velho falou
    O tempo passou e pra casa voltei
    Quem fica distante jamais se conforma
    Lá plataforma meus pais avistei
    Desci comovido, abracei ele e ela
    E mala amarela meu filho eu não vi
    Meu pai acredite na fala de um homem
    Pra não passar fome a mala eu vendi

    Que pena, que pena, era minha lembrança
    Que eu trouxe de herança do seu avô,
    Mais deixa pra lá, eu vou esquecer,
    A herança é você e você já voltou.


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