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Letra

    Eu tenho as mãos calejadas
    Algumas rugas no rosto
    Aqui sou burro de carga
    E nem sou dono de mim
    Eu tenho todo o espaço
    Que os olhos podem tomar
    Mas não consigo um pedaço
    Que seja meu pra plantar

    Não me facina o luzeiro
    Que eu possa achar na cidade
    // Eu busco um prato de vida
    E um gosto de liberdade //

    O que me leva é o desejo
    De me enxergar como igual
    Aqui sou mero instrumento
    Usado por serventia
    Nas safras eu me alimento
    Do gado sou dependente
    Lá fora, por meu trabalho
    Talvez eu venha a ser gente

    Não levo sonhos na mala
    Nem vícios de valentia
    Eu sei, me espera uma adaga
    Que pode matar-me um dia
    Me jogo inteiro assim mesmo
    De corpo e de coração
    No espelho das avenidas
    Operario, e não peão

    Composição: Mário Barbará Dornelles / Sergio Napp. Essa informação está errada? Nos avise.

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