exibições de letras 8

Folhetim / Fez Bobagem / Ronda / Camisa Amarela (medley)

Marlene

Letra

    Se acaso me quiseres
    Sou dessas mulheres
    Que só dizem sim
    Por uma coisa à toa
    Uma noitada boa
    Um cinema, um botequim

    E, se tiveres renda
    Aceito uma prenda
    Qualquer coisa assim
    Por uma pedra falsa
    Um sonho de valsa
    Ou um corte de cetim

    E eu te farei as vontades
    Direi meias verdades
    Sempre à meia luz
    E te farei, vaidoso, supor
    Que és o maior e que me possuis

    Mas na manhã seguinte
    Não conta até vinte
    Te afasta de mim
    Pois já não vales nada
    És página virada
    Descartada do meu

    Moreno fez bobagem
    Maltratou meu pobre coração
    Aproveitou a minha ausência
    Botou mulher sambando no meu barracão

    E quando eu penso que outra mulher
    Requebrou pra meu moreno ver
    Nem dá jeito de cantar
    Só dá vontade de chorar e de morrer

    Deixou que ela passeasse na favela com meu peignoir
    Minha sandália de veludo deu à ela para sapatear
    E eu de longe me acabando, trabalhando pra viver
    Por causa dele dancei rumba e foxtrote para inglês ver

    Meu moreno fez bobagem
    Maltratou meu pobre coração
    Aproveitou a minha ausência
    Botou mulher sambando no meu barracão

    E quando eu penso que outra mulher
    Requebrou pra meu moreno ver
    Nem dá jeito de cantar
    Só dá vontade de chorar e de

    Noite eu rondo a cidade
    A te procurar, sem encontrar
    No meio de olhares espio
    Em todos os bares
    Você não está

    Volto pra casa abatida
    Desencantada da vida
    O sonho, alegria me dá
    Nele você está

    Ah! Se eu tivesse
    Quem bem me quisesse
    Esse alguém me diria
    Desiste, essa busca é inútil
    Eu não desistia

    Porém, com perfeita paciência
    Sigo a te buscar
    Hei de encontrar
    Bebendo com outras mulheres
    Rolando um dadinho
    Jogando bilhar

    E nesse dia, então
    Vai dar na primeira edição
    Cena de sangue num bar
    Da avenida

    Encontrei o meu pedaço na avenida
    De camisa amarela
    Cantando a Florisbela, oi, a Florisbela
    Convidei-o a voltar pra casa
    Em minha companhia
    Exibiu-me um sorriso de ironia
    E desapareceu no turbilhão da galeria

    Não estava nada bom
    O meu pedaço na verdade
    Estava bem mamado
    Bem chumbado, atravessado
    Foi por aí cambaleando
    Se acabando num cordão
    Com o reco-reco na mão

    Mais tarde o encontrei
    Num café zurrapa
    Do Largo da Lapa
    Folião de raça
    Tomando o quarto copo de cachaça
    Isto não é chalaça

    Voltou às onze horas da manhã
    Mas só na quarta-feira
    Cantando A Jardineira, oi, A Jardineira
    Me pediu ainda zonzo
    Um copo d'água com bicarbonato

    O meu pedaço estava ruim de fato
    Pois caiu na cama
    E não tirou nem o sapato

    Roncou uma semana
    Despertou mal humorado
    Quis brigar comigo
    Que perigo, mas não ligo
    O meu pedaço me domina
    Me fascina, ele é o tal
    Por isso não levo a mal

    Pegou a camisa, a camisa amarela
    E botou fogo nela
    Gosto dele assim
    Passada a brincadeira
    E ele é pra mim
    Meu Senhor do Bonfim

    Composição: Ary Barroso / Assis Valente / Chico Buarque / Paulo Vanzolini. Essa informação está errada? Nos avise.

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