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Abismo Zen

Orlando Morais

Letra

    Eu estou armado até os dentes
    E você não vem
    Pra essa guerra que eu armei pra gente
    Nesse abismo zen

    Porque o silêncio é a poesia mais doida
    Dói na própria vida
    Dói o corte, a cicatriz,
    A marca lenta
    Onde a pele é dividida
    E depois, como um animal, marcado
    Segue reservado
    Pro frigorífico
    Pro supermercado
    Segue retalhado, com a alma ressentida
    A carne dividida, tudo calculado
    O peito, a coxa, o coração calado
    O nervo, o fígado encharcado
    A pele, o cérebro abandonado
    Tudo exposto na vitrine, no balcão

    E eu estou aqui e continuo armado
    Um "Don Quixote" deste amor que me foi tirado
    Mas vou continuar aqui
    Com o pensamento preservado
    Porque, senão, vocês terão vencido esta batalha
    E eu é que estarei errado


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