Vaneira Gaúcha
Paquito & Jóia
Vaneira gaúcha é um pinho afinado, pandeiro e cordeona
Chorando as pitangas que amor antigo deixou pra depois
É um gaúcho na estrada tocando a tropa distante das casas
Na marcha batida do estalo, do relho e no tranco dos bois
Vaneira gaúcha é um pingo na sombra secando o suor
Depois do serviço, na volta da lida que a estância governa
É um lenço vermelho, chapéu aba larga, bombacha dois panos
Com favos bem lindos, daqueles antigos, no correr da perna
Vaneira gaúcha é um potro estendo um terceiro galope
Pra, depois da doma, cruzar um setembro de cacho quebrado
É a folga do arreio no fim de semana pra um baile de rancho
É um trago de canha com jujo e butiá e um namoro firmado
Vaneira gaúcha é um cardeal cantando num galho de angico
É a vaca lambendo a cria na palha, recém-vinda ao mundo
É a roldana rangindo, subindo do poço com água bendita
É o tempo esquecido, qual balde de lata, perdido em seu fundo
Vaneira gaúcha é o olhar da morena de trança comprida
Bombeando de longe, de mate cevado e uma cuia bonita
É cancela aberta e um cusco acoando nas patas do baio
Saudando a espera do moço tropeiro chegando em visita
Eu sinto saudade da autenticidade de um choro de gaita
Que anda esquecida pela evolução de tantos floreios
Uma vaneira gaúcha, de simples acordes, a cruzar madrugadas
E uma prenda mimosa com olhar feiticeiro no seu sarandeio
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