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A Mesma Praça

Paulo Miklos

Letra

    Sou do chão negro asfalto da avenida São João.
    Sob o escuro manto fumaça a sombra do Minhocão.
    Sob o céu cinzento de São Paulo insano e mau.
    Brasileiro cuspido dos canhões da Hungria cigano e bárbaro
    Bastardo dos portugueses mouro feroz e bárbaro
    Desorientado dos beijos de língua e lugares embaralhados
    Que quando se beija não se ouve palavra

    Da rua Apa quando desaba a Barra Funda dos prostíbulos
    De toneladas de poeira e fuligem sobre a poesia
    Judeu de disfarce católico ateu crente no candomblé
    De todas as fugas e enfrentamentos continuo de pé
    Aqui nesta esquina não se ouve nem pensamento

    Entre as paradas militares nos meus dez anos de idade
    A bola no alto da estátua da Marechal Deodoro
    De quando meninos se encontravam na rua
    E todo menino era menino de rua
    E todo homem acreditava estar com um pé na lua

    A minha nação gigante abandonada no berço
    Com braços e pernas formigando sobre o próprio peso
    Eu mesmo petrificado diante de tais edifícios
    De volta a esta praça pra dar sombras aos mendigos
    Dessa cidade que me deu nome e não me dá ouvidos.


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