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Amantes Clandestinos

Pedro Barroso

Amei-te nas horas, minutos contados
Na rota de dias muito mal dormidos
Menti-te em encontros sempre clandestinos
Ficavas nervosa porque nunca sais
Tu foste-me sempre um pouco de menos
Mas sendo-me sempre um pouco demais

O tempo gritando e a estrada que chama
À pressa me vou, deixo fria a cama
E ficas à espera, de novo sozinha
Novela engolida, vista na cozinha
E dou-te da rua dois simples acenos
Tu foste-me sempre um pouco de menos

E quando te vejo na noite velada
E ralhas comigo porque eu não entendo
Eu calo-te a boca cobrindo de beijos
Tu dizes "que raiva"e "porque me trais"
Sei que tens razão- nem eu compreendo
Tu foste-me sempre um pouco demais

Recordas enredos da trama emprestada
Coisas aprendidas em filmes que vês
E contas-me histórias repletas de nomes
Intrigas com beijos, queixumes, venenos
Conversas da treta, repletas de nada
Tu foste-me sempre um pouco de menos

Mas há pressa de entrar nessa boca tenra
De lábios gulosos de língua tremendo
E rasgo-te a roupa, enquanto tu cais
Se tu me faltasses eu morria um pouco
Se tu me faltasses eu morria louco
Tu foste-me sempre um pouco demais

Por isso não sei, nem quero saber
Deixai-nos voar enquanto podemos
Só somos verdade no que acontecemos
O resto é mentira, nós bem o sabemos
O resto não conta, nem vem nos jornais

Tu foste-me sempre um pouco de menos
Tu foste-me sempre um pouco demais.

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