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Letra

    Te liberta dessa vida paralela
    Desconstrói as grades que te limitam nessa cela
    Tão cheia de vazio, por onde te invade o frio as tuas primaveras
    Te priva de olhar pela janela e então perceber que lá fora

    Os corações ainda insistem em se encontrar
    E respirar o mesmo ar
    Emergindo de seus vastos mares particulares de dúvidas

    Desprende e corta o fino fio
    Daquilo tudo que fora jogado fora
    No último eu das últimas horas

    Os teus carnavais sempre passam de maneiras iguais
    Tuas avenidas varridas de fantasias banais

    Enquanto a dormência ocupa os lugares
    Nos teus dias mais vulgares
    Fecha os olhos pra sentir
    Esquece os ouvidos pra se ouvir

    E aprendizado da fala certa se aquieta
    Aí o pensamento desperta
    Mata de fome de nada
    Tanta necessidade plastificada
    E não importa a cor, e não importa não

    E não importa a cor que tens por fora
    A consciência ignora os privilégios
    As diferenças exteriorizadas são apagadas
    Quando a gente entende
    Que nada nos livra da queda (é perpendicular)
    Enquanto a vida erra na horizontal lá fora

    E os corações ainda insistem em se encontrar
    E respirar o mesmo ar
    Emergindo de seus vastos mares particulares de dúvidas

    Os corações ainda insistem em se encontrar
    E respirar o mesmo ar
    Imersos num mar de dúvidas
    Pulsando amor sem se entregar

    Os corações sem se entregar


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