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Capital das Alterosas

Rima Sambada

Letra

    Homens vão e homens vêm, centro-bairro, bairro-centro
    E ajoelham-se todos os dias sob estátuas de cimento
    Usam o talento a título de onipotência
    Mas esquecem que o talento só não traz suficiência
    Eu creio na essência, na criação, nas escrituras
    E alguns crêem em macacos virando gente na rua
    Inspirados por teorias e/ou termos contraditórios
    Vivendo de forma fria, sentados nos escritórios
    Alguém cultiva a morte, vivendo ao mesmo tempo
    E outros vendem sorte, dentro e fora dos templos
    Fazendo sinais estranhos, às vezes intuitivos
    Nas portas das catedrais, passando nos coletivos
    Em meio a tudo isso, eu caminho pela cidade
    Uma esquina, outra esquina, é mesmo tudo vaidade
    E a falsa liberdade? Hoje ofereceram a mim
    Mas, uma dose engarrafada e na porta do botequim

    Refrão (2 vezes)
    E assim o dia-a-dia na capital das alterosas
    Uns querem goles de álcool, outros só um dedo de prosa
    Uns contam como acontece, outros já tão lá na história
    Uns gritam pega ladrão e eu grito Soli Deo Glória
    Glória!


    E continua a jornada do homem que observa
    Na metrópole uns lêem a bíblia, mas outros só bebem cerva
    No coração da cidade uns prometem remédio pra alma
    E um louco de terno praça, anuncia o evangelho com calma
    Palmas e vaias aos montes, enquanto uns sobem, outros descem
    E aquele louco de terno surrado continua a sua prece
    Na outra esquina alguém se aquece, no aconchego da fogueira
    Mais à frente vendem-se corpos, situações aventureiras
    Que acabam num segundo, são lorotas desse mundo
    Não passam de absurdos, mas enganam a todo mundo


    Refrão (2 vezes)
    E assim o dia-a-dia na capital das alterosas
    Uns querem goles de álcool, outros só um dedo de prosa
    Uns contam como acontece, outros já tão lá na história
    Uns gritam pega ladrão e eu grito Soli Deo Glória
    Glória!


    Uns clamam por esperança, outros clamam por igualdade
    Uns vivem em abundância, outros vivem atrás da verdade
    Uns fazem rima que samba, outros fazem rima que mata
    Uns cantam a casa de bamba, outros cantam o homem primata
    Uns dizem que são do contra, outros dizem que são a favor
    Uns dão soco em faca de ponta, outros sabem pedir por favor
    Uns dizem que a vida não presta, outros dizem que tá pior
    Uns vivem fazendo festa, outros vivem em casa e só
    Uns tão sempre criticando, outros sempre tão criando
    Uns tão sempre adiantando, outros sempre atrasando
    Uns tão sempre praguejando, outros sempre tão orando
    Uns tão sempre duvidando, outros sempre acreditando
    Uns vivem insatisfeitos, outros vivem acomodados
    Tem uns que fazem direito, outros sempre atrapalhados
    Uns vivem acordados, outros sempre adormecendo
    Uns tão sempre blasfemando, outros sempre agradecendo
    Uns vivem falando mal, outros vivem falando bem
    Uns vivem pisando em sal e eu vivo dizendo amém


    Refrão (2 vezes)
    E assim o dia-a-dia na capital das alterosas
    Uns querem goles de álcool, outros só um dedo de prosa
    Uns contam como acontece, outros já tão lá na história
    Uns gritam pega ladrão e eu grito Soli Deo Glória
    Glória!


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