Quando a Saudade Anda a Cavalo
Robledo Martins
Pai.
Sai de dentro da moldura
Desta janela tão fria
Tenho andado a tua procura
Além das fotografias
Pai.
Deixaste a tua presença
Nestas paredes tão altas
Pendurada, nas lembranças
Que ainda choram tua falta
Pai.
Ainda encilho dois cavalos
Um deles, tua montaria
Me acompanha lado a lado
Recorrendo a gadaria
Pai.
A estância permanece
Com suas cercas e cancelas
Mas meu coração padece
Tua ausência, dentro delas
Pai.
Duas esporas de prata
Andam perdidas nas botas
Teu cinturão com guaiaca
Sem cintura, atrás da porta
Pai.
Teu chapéu aba larga
Já não desafia o tempo
O teu laço doze braças
Não voa mais contra o vento
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