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Numa Cidade Muito Longe Daqui

Rogê

Letra

    Numa cidade muito longe, muito longe daqui
    Que tem favelas que parecem com as favelas daqui
    Que tem problemas que parecem os problemas daqui
    Existem homens maus
    Sem alma e sem coração
    Existem homens da lei com determinação

    Mas o momento é de caos
    Porque a população na brincadeira sinistra de polícia e ladrão
    Não sabe ao certo quem é
    Quem é herói ou vilão
    Não sabe ao certo quem vai, quem vem na contramão
    Não sabe ao certo quem vai, quem vem na contramão

    Porque tem homem mau que vira homem bom
    Porque tem homem mau que vira homem bom
    Quando ele banca o remédio, quando ele compra o feijão
    Quando ele tira pra dar, quando ele dá proteção

    Porque tem homem da lei que vira homem mal
    Porque tem homem da lei que vira homem mal
    Quando ele vem pra tirar, quando ele avança o sinal
    Quando ele tem que salvar e sai matando geral

    E tanto lá como cá
    Ladrão que rouba ladrão
    Não tem acerto ou pedido
    Errou não tem perdão
    Quem fala muito é X9
    Mas o xis do problema tá na corrupção
    Um dia o bicho pegou, o couro comeu
    Polícia e ladrão bateram de frente
    E aí e aí foi à vera!

    Bateu de frente
    Um bandido e um subtenente lá do batalhão
    Foi tiro de lá e de cá
    Balas perdidas no ar
    Até que o silêncio gritou
    Dois corpos no chão que azar
    Feridos na mesma ambulância e na dor de matar
    Mesmo mantendo a distância não deu pra calar

    Polícia e bandido trocaram farpas
    Farpas que mais pareciam balas

    E o bandido falou
    Você levou tanto dinheiro meu
    E agora tá querendo me prender

    Eu te avisei e você não se escondeu
    Deu no que deu e a gente tá aqui
    Pedindo a Deus pro corpo resistir
    Será que ele tá a fim de ouvir?
    Você tem tanta bazuca, pistola, fuzil e granada
    Me diz pra que tu tem tanta munição

    É que além de vocês nós ainda enfrenta
    Um outro comando outra facção
    Que só tem alemão sanguinário
    Um bando de otário marrendo querendo mandar
    Por isso que eu tô bolado assim

    Eu também tô bolado sim
    É que o Judiciário tá todo comprado
    O Legislativo tá financiado
    E o pobre operário que joga seu voto no lixo
    Não sei se por raiva ou só por capricho
    Coloca a culpa de tudo nos homens do camburão
    Eles colocam a culpa de tudo na população

    Mas se eu morrer vem outro em meu lugar
    E se eu morrer vão me condecorar
    E se eu morrer será que vão lembrar
    E se eu morrer será que vão chorar
    E se eu morrer, e se eu morrer, e se eu morrer

    Chega de ser subjugado, subnutrido, subtraído
    Subbandido de um submundo
    Subtenente de um sublugar
    Um subproduto de um subpaís
    Subinfeliz

    Composição: Acyr Marques / Arlindo Cruz / Franco. Essa informação está errada? Nos avise.

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