exibições de letras 2.015

Aos Olhos da Gente

Rogério Melo

Letra

    O rumo que dei aos olhos se ergueu no lombo do cerro
    E a moldura do meu pago se ajeitou no horizonte
    Com paixões de tres ontonte voltei beber na querência.
    Porque a sede das ausências não se mata em outras fontes

    O canto da siriema contraponteava o silêncio,
    E as patas do meu confiança pisavam plumas no chão
    Do freio a velha canção duetava com as esporas,
    Estrelas frias de auroras que o céu montou num clarão

    Ao sul as garças voltavam pra querencia do açude,
    De sobrelombo nas nuvens que pastavam na campina,
    Qual uma tropa teatina que se soltou do infinito
    E esse rodeio bonito povou de alma e retina

    Uma casinha modesta me cuidava lá de baixo,
    Esperançando um aceno pra silhueta na janela
    Talvez alguma donzela com paixões a florescer
    Buscando ao entardecer um sonho além da cancela

    O sol que aquece os andantes gastava as ultimas brasas,
    Mesclando sombra e clarão nas dobras das invernadas,
    Nesta hora abençoada que traz grilos pras taperas
    E a lua china gaudéria pra cirandar nas aguadas

    Quanta coisa nos revela uma paisagem de estrada
    Se o coração sabe ver e a alma sabe escutar,
    Qualquer lugar é lugar para as mãos da natureza
    Derramarem sua beleza e nos prender pelo olhar


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