Já bebi a minha conta
E a taberna está a fechar
Vinguei-me hoje da afronta
Que o mundo me faz passar
Passam-se os anos na pele
Numa azia sem sentido
E a gente acumula o fel
Do tempo mal diferido

Um copo contra a carestia
Um copo contra a incerteza
E mais um copo à ousadia
De querer vencer a fraqueza

Um café e um bagaço
Um café e um bagaço
Um café e um bagaço
Um café e um bagaço
Um café
Um café
Um café
E um bagaço (Refrão)

Sou dos que tira a camisa
Para socorrer um amigo
Mas Deus não me recompensa
Será que embirrou comigo?
Um café e um bagaço
Para manter o equilíbrio
Para que nada troque o passo
A um bom cidadão ébrio

Um copo contra o sistema
Um copo contra a inflação
Um copo contra a gangrena
Que nos dói o coração

(Refrão)

Já espaireci a fadiga
Queria soltar o meu brado
Mas sem armar grande espiga
Para que não seja constado
Sou respeitado e pacato
Sou ordeiro sou discreto
Bebo uns copos em recato
Para não ir tão circunspecto

Um café e um bagaço
Só para assentar a bebida
Quero ver tudo bem baço
Só assim acho saída

(Refrão)

Agora estou como o aço
Vou começar a plissar
Um soluço e um abraço
E a vontade de cantar

(Refrão)

Composição: Carlos Tê / Rui Veloso