Se bastasse cantar com ternura
Pra acalmar esses dias
Em que os homens perderam a doçura
De cantar morreria
Mas quem sou eu?
Mas quem sou eu?

Simples cigarra
Em que a voz é escrava
Da melodia
Se bastasse a canção da esperança
Pra inundar de alegria
A tristeza de nossas crianças
De cantar morreria
Mas quem sou eu?
Mais quem sou eu?

Simples cigana nas sendas profanas da poesia
Se bastasse cantar compassiva
Pra aplacar a agonia
Nessas terras de gente cativa
De cantar morreria
Mas quem sou eu?
Mas quem sou eu?

Simples agente da estrela regente
Das sinfonias
É preciso muito, muito mais
Gente cantando
É preciso muito, muito mais
É quase um esforço sobre-humano
Pra conseguir mudar os planos
É preciso muito, muito mais gente
Cantando

É preciso muito, muito mais
Cantar a paz no mundo inteiro
É quase um esforço derradeiro
Se bastasse cantar com brandura
Pra estancar a sangria
Pro universo viver com candura
De cantar morreria
Mas quem sou eu?
Mas quem sou eu?

Simples cantante das noites
Dançantes
Das fantasias
É preciso muito, muito mais gente
Cantando
É preciso muito, muito mais
Cantar, cantar que ainda é tempo
Uma canção sem sofrimento
É preciso muito, muito mais gente
Cantando

É preciso muito, muito mais cantar
Com o céu
Com os movimentos
Cantar com a luz, com os elementos
Enquanto espero
Sigo cantando, e cantando e cantando
Eu vou vivendo

Composição: Adelio Cogliati / Eros Ramazzotti / Pierangelo Cassano