Historias da periferia, choros alegrias
A morte do capetinha me fez relatar
Que o tempo vai passando, gerações treinando
E marcas vão ficando aqui nesse lugar, aê, truta, vai vendo

Histórias da periferia, te apresento o Capetinha
Mais um moleque do gueto, sistema não teve estia
Sua mãe, pobre coitada, trampava de faxineira
Seu pai, um viciado, logo veio a tristeza

Cirrose no sangue, cachaça na veia
Agora orfão de pai, sem fartura na mesa
O Capetinha no seu canto, só observando
Seus irmãos passando fome, no veneno chorando
Engraxava sapato, vigiava carro
Para ajudar sua velha, na despesa do barraco

Ninguém compadeceu daquela situação
O Capetinha sem estudo, sem educação
Não arrumava um trampo, tirado de favelado
Sua infância sólada, rejeitado e humilhado

Andava perambulando nas ruas do pedegral
É eficaz que o seu futuro não sera legal
Sem moral mó perrê, nego aqui passa mal
No veneno revolta e tal, o crime é letal
É tarde de domingo, o Sol tá quente
O Capetinha se envolve com algo diferente

Histórias da periferia, o Capetinha foi só mais um
Histórias da periferia, foi assim, partiu do gueto

Aos 16 de idade já estava usando droga, andando com bandido
Capetinha vai à farra, curtindo de embalo na vila
União onde acabou entrando na maldita função

É sequestro relâmpago, altos B. O
Foi preso, mas saiu do maldito chilindró
Usa droga, passa droga, se garantir
Um 155, 157 fazia sem medir

Comprou o seu boné, a sua bermuda, sua peita do 2pac
Se sentia o rei da rua, na esquina da quebrada ele viajava
Fumando o seu beck, com a rapaziada em guerra, levou tiro
Deu tiro também, derrubou um camarada, cujo vulgo era neném

Briga de gangue, tá ligado, Capetinha era o chefão
Não ligava pra sua velha, nem pros seus irmãos
Estava na vida louca, na correria, me lembro
Com sangue no olho, tipo moleque veneno
Periculoso, chamado de mal elemento
Capetinha era temido, aê, truta vai vendo, aê, truta, vai vendo

Histórias da periferia, o Capetinha foi só mais um
Histórias da periferia, foi assim, partiu do gueto

Um assalto atrás do outro, capetinha estava louco
A droga te consumia, eu via pouco a pouco
Ele foi pra igreja, mas desandou
O caminho do crime ele optou, dançou

Se era lícito ou ilícito, nem se ligava
O capetinha cheirado na brisa, viajava
Não quis ouvir o Senhor, se embarcou na função
Foi meter uma cachanga, com um tal de Negujão

E aí, Capetinha!
Qual é, Negujão?
Vamos roubar aquela casa
Demorou, ladrão

Sem saber que a casa era de um gambé
Agora no seu encalço, os cana não sai do seu pé
Vish, ladrão, lá vem a viatura na rota, para e pergunta
Alguém conhece o Capetinha?
Um laranja responde: Tá lá no bar, com Negujão

Os homens saem a mil, em direção ao boteco
Capetinha de vacilo, Negujão sai de perto
Inventou um caô e foi embora, o Capetinha grilou

Meu Deus, minha nossa Senhora, que calafrio
É esse sentindo, se perguntava
O flash da sua vida, na sua mente passava
Da sua infância precária, sem brinquedo, sem nada
A rua só te deu inimizade, droga e arma

O Capetinha sai do bar e ouve uma voz
(A casa caiu pleba) Era dura da gói
Uma rajada foi disparada, não deu tempo pra correr
A noticia se espalhou, o Capetinha acaba de morrer

Histórias da periferia, o Capetinha foi só mais um
Histórias da periferia, foi assim, partiu do gueto
Histórias da periferia, o Capetinha foi só mais um
Histórias da periferia, foi assim, partiu do gueto

Composição: