Mãe Branca
Vieira e Vieirinha
Seu moço, eu já estou velhinho
Apoiado na bengala
Por favor, pare um pouquinho
Pra escutar a minha fala
Enquanto eu conto esta história
Quero que vocês se cala
Eu nasci num fazendão
No tempo da escravidão
Quando imperava a senzala
Eu puxei cargas de cana
Pra moer lá na moenda
Fui negrinho serelepe
Criolinho da fazenda
Eu quem tratava a boiada
Pagava conta na venda
Mãe branca era patroa
A sinhazinha tão boa
Me dava roupa e merenda
Depois que ela partiu
O meu mundo se desfez
Agora é o mês de maio
Estamos no dia três
A festa do grande dia
Não chega o meio do mês
A minha palavra é franca
Pra ter a mesma mãe branca
Quero ser negro outra vez
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