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Cantiga de Payador

Xirú Missioneiro

Letra

    Eu tenho marca e destino de cantor e guitarreiro
    Num linguajar tarimbeiro sem malícias e sem ofensas
    Não tenho pilchas dornados, mas amo a minha querência
    Como se fosse uma parada perfilada em continência
    Tenho um destino arredio vindo da era remota
    Nunca pensando em derrota ao se estropiar no caminho
    Vagando sempre sozinho num trotezito galhardo
    Sentindo apenas o afago do vento como carinho

    Cantar o chão onde vivo esta é minha serventia
    Pois sem minha ideia esguia corcoveia mil cantigas
    Que desprendendo atrevida entoa com talentono
    Mais tesa que um rei no trono respeitando uma hierarquia
    Cantando bem do meu modo que templeia minha mente
    Surgindo como vertente de uma xucra inteligência
    Amparando uma aparência conhecida mais de légua
    Pois trago o cheiro das macegas do chão da minha querência

    Desta maneira patrício eu levo a vida de peão
    Trazendo um fogo de chão das grotas do pensamento
    E evocando sentimento taperas e alegria
    Que faz surgir sinfonias bordoneadas de lamento
    Só depois de muita luta é vencida a esperança
    Como um troféu de lembrança por ter vencido a batalha
    Que a própria raça se estampa quero morrer qual cigarra
    Bordoneando a minha guitarra e arrebentando a garganta
    Bordoneando a minha guitarra e arrebentando a garganta


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