É Ladrão Que Não Acaba Mais

A Crítica Social Através do Samba de Bezerra da Silva

A música 'É Ladrão Que Não Acaba Mais', interpretada pelo icônico sambista Bezerra da Silva, é uma crítica mordaz à corrupção e à desigualdade social que assolam o Brasil desde os tempos coloniais. A letra inicia com uma referência histórica à chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, marcando o início da exploração dos recursos naturais e da população indígena. A 'semente' mencionada na canção simboliza o início de uma cultura de exploração e roubo que, segundo o cantor, continua a proliferar na sociedade brasileira.

O refrão 'É ladrão que não acaba mais' é um lamento sobre a onipresença da corrupção, que Bezerra da Silva observa em todos os níveis da sociedade, desde o cidadão comum até as esferas mais altas do poder. A música descreve uma realidade onde o cidadão é constantemente 'roubado', seja no supermercado, na política ou até mesmo dentro das instituições que deveriam proteger a lei. A expressão '171', usada na canção, é uma alusão ao artigo do Código Penal Brasileiro que tipifica o crime de estelionato, reforçando a ideia de que a malandragem e a desonestidade estão enraizadas na cultura.

Bezerra da Silva, conhecido por suas letras que retratam o cotidiano das comunidades e denunciam injustiças sociais, utiliza o samba como veículo para expressar o descontentamento popular e incitar reflexão. 'É Ladrão Que Não Acaba Mais' é um retrato contundente de um ciclo vicioso de corrupção que, segundo o artista, tem origem nos primórdios da história brasileira e se perpetua até os dias atuais, afetando a vida de todos os cidadãos.