Haragán

A Vida Boêmia do 'Haragán': Uma Análise da Canção de Carlos Gardel

A música 'Haragán', interpretada pelo icônico Carlos Gardel, mergulha no universo do tango argentino para retratar a figura de um homem preguiçoso e avesso ao trabalho. A letra, carregada de ironia e crítica social, utiliza a linguagem coloquial e expressões típicas para descrever o protagonista como alguém que se recusa a 'yugarla' (trabalhar duro) e que prefere viver uma vida de ociosidade, como se tivesse nascido para ser um 'sultán' (sultão), ou seja, alguém que vive de luxos sem esforço.

O refrão da canção chama o sujeito de 'haragán', que significa preguiçoso ou vagabundo. A narrativa sugere que, se ele encontrasse o inventor do trabalho, certamente o agrediria, evidenciando seu desprezo pela ideia de ter que ganhar a vida com esforço. A música também faz referência ao casamento, onde o padre afirma que o homem deve sustentar sua esposa, mas o 'haragán' parece querer inverter os papéis, esperando ser mantido por ela. A letra é um convite para que ele acorde para a realidade e comece a contribuir, caso contrário, será visto como um caso perdido, um verdadeiro 'pedazo de haragán'.

Carlos Gardel, conhecido como o 'Zorzal Criollo', foi um dos mais importantes cantores de tango da história. Suas músicas frequentemente abordavam temas do cotidiano, amor, desilusão e, como em 'Haragán', personagens típicos da sociedade. A canção é um retrato da cultura argentina da época, onde o tango servia como veículo para comentários sociais e retratos da vida urbana de Buenos Aires.