Asas de Papelão
Fernando Silva
Deu na cabeça que queria voar
Há muito tempo vivia a sonhar
Se desvincular das amarras do chão
Poder ter o céu ao alcance das mãos
E deu na cabeça que sabia voar
E em tudo isso se pôs a pensar
E com o resto da caixa do velho fogão
Ela fez para si par de asas, de papelão.
Quebrou dentro da fechadura a única chave que abria o portão
E se despediu da varanda, e dos vasos de planta que havia no chão.
Seguiu com seus passos pequenos olhou a montanha e no topo subiu
Caminhou poucos passos serenos,
A beira do abismo parou e sorriu
Então pulou, pulou.
E se desprendeu do chão
Então voou, voou.
Duas asas de papelão.
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