Samba Enredo 1995 - Mais Vale Um Jegue Que Me Carregue, Que Um Camelo Que Me Derrube Lá No Ceará

A Valorização do Simples e do Autêntico no Samba da Imperatriz

O samba-enredo "Mais Vale Um Jegue Que Me Carregue, Que Um Camelo Que Me Derrube Lá No Ceará", apresentado pela G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense em 1995, é uma obra que celebra a cultura e as tradições do Ceará, fazendo uma crítica sutil à busca incessante por novidades e à desvalorização do que é genuinamente brasileiro. A letra inicia com uma alusão a histórias de tesouros escondidos, simbolizando as riquezas culturais e naturais do Ceará, e segue com a narrativa de uma expedição em busca de um novo Eldorado, metaforicamente representando a busca por prosperidade e conhecimento.

A comparação entre o jegue, um animal comum no sertão nordestino, e o camelo, típico dos desertos e associado a terras distantes, serve para enfatizar a importância de valorizar o que é local em detrimento do que é exótico e estrangeiro. O jegue é retratado como um símbolo de trabalho e resistência, essencial para a sobrevivência e o dia a dia do sertanejo. A letra destaca a simplicidade e a utilidade do jegue em contraste com a novidade representada pelos camelos, que não se adaptam ao contexto brasileiro.

O samba conclui celebrando a alegria e a resiliência do povo do sertão, que, apesar das adversidades, encontra motivos para festejar e 'lavar a alma' na Sapucaí, palco do carnaval carioca. A mensagem é clara: mais vale o que é autêntico e útil, que está enraizado na cultura e na vida das pessoas, do que a busca por inovações que podem gerar insatisfação e esquecimento das próprias raízes.