Canga do Tempo
José Fortuna
Numa canga de madeira os bois carregam a carga no velho carro em seu vai e vem
Com a canga do meu destino eu carrego a vida e a vida carrega as dores que o mundo tem
As dores vem dos meus sonhos despedaçados estradas esburacadas que em mim ficou
Por onde puxei meu carro de amor desfeito até que a canga do tempo me calejou.
Todos temos nossa canga mas nós não vemos, puxando a pesada carga da solidão
Até que o carro da vida um dia pára no lamaçal sem saída do coração.
Canga de madeira forte foi desgastando pelas estradas batidas desses sertões
A canga do meu destino é bem mais dura porque foi feita por muitas ingratidões
Sobra de amores ficaram pelos barrancos, recordações se perderam nos areiões
Ficou o pó da saudade no cabeçalho, e o choro das minhas mágoas nos seus cocões
Todos temos nossa canga mas nos não vemos, puxando a pesada carga da solidão
Até que o carro da vida um dia pára, no lamaçal sem saída do coração.
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