Letícia
Júlio Ferraz
Em sua estante de papéis
No escuro do quarto
Letícia abria um olho de cada vez
Onde os ventos respiravam
Onde ventos escondiam
Por trás de uma de suas janelas
Por cima dos seus lençóis
Não, existem correntes
Não haviam cadeados
Apenas portas sem trinco
Quando amanheceu
Encontrou-se nas palavras de um livro em branco
Foi ai que encontrou seus primeiros versos
Foi em si que encontrou suas primeiras lágrimas
Foi ali que Letícia encontrou seu primeiro amor
Em quadros sem cor
Linhas se encontravam para confundir
Sua mente confusa ao acordar
Resolveu adormecer mais uma vez
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