14 de Maio

Resiliência e Identidade em '14 de Maio' de Lazzo Matumbi

A música '14 de Maio' de Lazzo Matumbi é uma poderosa expressão de resistência e busca por identidade, situada no contexto da realidade social brasileira, especialmente a dos afrodescendentes. A letra narra a jornada de um indivíduo que, no dia simbólico da abolição da escravatura no Brasil (13 de maio de 1888), ainda se vê sem direitos básicos como moradia, trabalho e educação. A referência ao '14 de maio' sugere uma reflexão sobre o dia seguinte à abolição, questionando o que realmente mudou para a população negra.

O protagonista da música carrega 'a senzala na alma' e sobe a favela, metaforicamente representando a marginalização e a continuidade das condições de vida precárias. A expressão 'eu subi a favela' pode ser vista tanto como uma luta diária pela sobrevivência quanto como uma ascensão de consciência e resistência. A música também destaca a invisibilidade social enfrentada, onde 'o mundo me olhava, mas ninguém queria me ver', ilustrando a indiferença e o preconceito que ainda persistem.

A última estrofe da música é um chamado para reconhecimento e valorização da cultura afro-brasileira, mencionando o Ilê Aiyê, um importante bloco afro de Salvador que celebra a identidade negra e a resistência cultural. Lazzo Matumbi, através de sua música, não apenas narra as dificuldades enfrentadas, mas também celebra a força e a beleza do povo negro, incentivando a consciência e o respeito mútuo.