Menino da Vila Maria
Luiz Carlos Santos
Às margens do Tietê,
Coração zona norte,
Menino serelepe,
Pés descalços pinta o sete,
Arrisca sua sorte.
Bola de meia, brincadeira
Arco íris no céu.
Voa alto, cruza pontes,
Comandante de um barquinho de papel.
Sem pressa sorri sozinho,
E Rouba o pôr-do-sol.
Tece sonho no sossego
Pensando por um momento
Ser jogador de futebol.
Mas a liberdade sem preço,
Voou voraz com o vento,
Dormiu poema menino,
E o recomeço
Preso ao leme do tempo.
O beijo escondido
Fez o desejo nu brotar,
Com suspiros alados,
Conjugou o verbo amar.
E o destino fadado
De amante e amigo,
Nasceram três tesouros,
Que inspiraram esta canção.
Da Bahia traz herança,
Encravada no sertão.
Sempre dando o seu recado
Xique-Xique, Pilão Arcado,
Vila Maria no coração.
Na boemia o amigo amado,
O companheiro o violão.
Homem que ainda sonha
Fez do samba, sua oração.
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