Sapo Fierro

Aquí me puse a vivir
Con mi sapa y mis sapitos
En este aljibe infinito
Cuanto más fijo mejor
Que al sapo muy picaflor
Lo cazan como chorlito

Yo nací en una laguna
Y mi cuna fue de lodo
Cosa que de ningún modo
Me puede desmerecer
Que a la hora de nacer
Renacuajos somos todos

A este fondo lo rodé
Me mudé con gran trabajo
Yo no soy un estropajo
Ni por desidia me hundo
No es lo mismo ser profundo
Que haberse venido abajo

Aquí estoy entretenido
Como gato en almacén
Me gusta pasarlo bien
Quieto y con economía
Que sapo que anda en la vía
No lo para más que el tren

Yo tengo una picardía
Cuando suena la roldana
Me escondo de buena gana
Para salvar mi pellejo
Que el sapo sabe por viejo
Pero más sabe por rana

Aquí me voy a plantar
Profundo como carozo
Yo le digo al veleidoso
Que por variar se desvive
Sapo que cambia de aljibe
Siempre es sapo de otro pozo

Sapo de Ferro

Aqui comecei a viver
Com meu sapo e meus sapinhos
Nesta cisterna infinita
Quanto mais fixo melhor
Aquele sapo muito beija-flor
Eles o caçam como uma tarambola

Eu nasci em uma lagoa
E meu berço era feito de lama
Que de forma alguma
Pode me rebaixar
Isso na hora do nascimento
Girinos somos todos

Eu rolei para este fundo
Eu mudei com um ótimo trabalho
Eu não sou um esfregão
Não por preguiça eu afundo
Não é a mesma coisa ser profundo
Ter desmoronado

Aqui estou eu entretido
Como um gato em um armazém
Eu gosto de me divertir
Calmo e com economia
Que sapo que anda na estrada
Não o para mais do que o trem

Eu tenho uma travessura
Quando a polia toca
Eu escondo de boa vontade
Para salvar minha pele
Que o sapo conhece tão velho
Mas sabe mais por sapo

Aqui vou plantar
Profundo como uma pedra
Eu digo ao inconstante
Isso, para variar, sai do seu caminho
Sapo que muda a cisterna
É sempre sapo de outro poço

Composição: Maria Elena Walsh