A Flor Do Maracujá
Rolando Boldrin
A pois intonce eu lhes conto
A história que eu ouvi contar
Pruque razão nasce roxa, a flor do maracujá
Maracujá já foi branco
Eu posso inté lhe jurar
Mais branco do que a quaiada
Mais branco do que o luar
Quando as fror brotava nele
Lá pros confins do sertão
Maracujá parecia
Um ninho de algodão
Mas um dia, há muito tempo
Num mês que inté que não me alembro se foi maio, se foi
Junho, se foi janeiro o dezembro
Nosso senhor Jesus Cristo foi condenado a morrer
Numa cruz cruchificado
Longe daqui, como o que
E havia junto da cruz, aos pé de nosso senhor
Um pé de maracujá
Carregadinho de frô
Pregaram Cristo a martelo
E ao ver tamanha crueza
A natureza inteirinha
Pôs se a chorar de tristeza
Chorava o vento nos campo
Chorava as folha as rebera
Sabiá tombém chorava, nos gaio da laranjeira
E o sangue de Jesus Cristo
Sangue pisado de dor
No pé de maracujá
E caindo e pingando
Tingia todas as fror
E foi por isso
Que as frorzinha aos pé da cruz
Ficaram roxa também
Como o sangue de Jesus
E foi ansim seu moço a história
Que ouvi contar
Pro quê razão nasce roxa
A flor do maracujá
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