Dedo de Prosa
Silvestre Kuhlmann
Venha, não se acanhe, se achegue pra dentro, se ajeite;
Comadre passou um cafezinho, aceite.
Se assente aqui mesmo ou deite na rede,
A casa é modesta, de gente honesta
E sua visita nos é prazerosa;
Sinta-se em casa enquanto trocamos
Um dedo de prosa.
Não se espante, compadre, se lhe trato assim;
É que o Deus que conheço faz desse jeitim;
Às vezes me achego à soleira, meio ressabiado,
Querendo conversa, um ombro amigo, um agrado;
E Ele me chama pra dentro, nem olha minha vida horrorosa,
Com todo o carinho do mundo vai logo dizendo:
"Sinta-se em casa, enquanto trocamos
Um dedo de prosa."
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