No Tempo do Cativeiro

A Força da Fé e a Resistência no Cativeiro

A música "No Tempo do Cativeiro" reflete a dura realidade enfrentada pelos escravizados no Brasil, sobretudo na Bahia, um dos principais centros de resistência e cultura afro-brasileira. A letra evoca a memória da escravidão, destacando a violência e a opressão sofridas pelos negros, que eram forçados a trabalhar em condições desumanas, como na lavoura de açúcar e nos carvoeiros, conhecidos como cinzais. A menção ao tronco de pau, um instrumento de tortura, reforça a brutalidade do período.

A música também revela a espiritualidade como um refúgio em meio ao sofrimento. A invocação de Nossa Senhora indica a busca por consolo e proteção na fé católica, que muitas vezes era sincrética, misturando-se com crenças africanas. A capoeira, mencionada como um elemento de salvação, simboliza a resistência cultural e física dos escravizados, sendo uma arte marcial disfarçada de dança para enganar os senhores de escravos e um meio de defesa e libertação.

A repetição do verso "Trabalha negro, negro trabalha" ressalta a exigência incessante de trabalho e a ameaça constante de violência. A música, portanto, não apenas recorda a dor e a opressão do passado, mas também celebra a resistência e a sobrevivência da cultura africana no Brasil, através da fé e da capoeira.