Walpurgis

Crítica social e ocultismo em “Walpurgis” do Black Sabbath

Em “Walpurgis”, o Black Sabbath utiliza referências à bruxaria e rituais ocultos não apenas para criar uma atmosfera sombria, mas como uma metáfora para denunciar a hipocrisia e a perversidade de líderes e instituições. O título faz alusão à Noite de Walpurgis, tradicionalmente vista como um momento de afastar o mal, mas na música esse contexto é invertido: o mal é celebrado abertamente, como nos versos “witches gather at black masses” / “bodies burning in red ashes” (bruxas se reúnem em missas negras / corpos queimando em cinzas vermelhas). Essa ambientação serve para reforçar a crítica social, sugerindo que o verdadeiro mal está nas ações humanas corrompidas pelo poder e intolerância, e não apenas em rituais pagãos.

A letra apresenta cenas grotescas, como “watch them eating dead rats' innards” / “anoint my head with dead rat's blood” (veja-os comendo as entranhas de ratos mortos / unja minha cabeça com sangue de rato morto), para chocar e evidenciar a degradação moral dos personagens. Esses personagens podem ser interpretados tanto como figuras literais de bruxas e pecadores quanto como símbolos de líderes e seguidores de sistemas opressores. A presença do sacerdote, que acaba sendo lançado ao fogo por Satanás, reforça a ideia de que até mesmo figuras religiosas podem ser corrompidas ou destruídas pelo mal que tentam combater. Assim, “Walpurgis” vai além do horror, usando o ocultismo para criticar a guerra, a hipocrisia e a manipulação do medo, temas que seriam aprofundados posteriormente em “War Pigs”.