Canon

A Solidão do Monólito: Reflexões em 'Canon' de Brazil

A música 'Canon' da banda Brazil explora a solidão e a introspecção de um indivíduo em meio à vastidão de uma cidade populosa. A letra começa descrevendo um homem que caminha contra o fluxo do tráfego, simbolizando sua luta contra a correnteza da vida urbana. Ele está 'externamente empurrando, mas internamente puxando', o que sugere um conflito interno entre a necessidade de se conectar com algo maior e o medo de enfrentar certas partes de si mesmo. A metáfora do 'monólito' reforça a ideia de isolamento e imobilidade, como uma figura solitária e imponente em um mar de movimento.

A segunda estrofe aprofunda essa imagem, comparando o protagonista a 'membros de um poeta desmembrado', com 'veias ondulantes e desumanas' que representam suas cicatrizes emocionais. A cidade que ele chama de sua é descrita como um 'mundo feito de matéria cinzenta', uma referência ao cérebro e, por extensão, à mente humana. Ele observa a paisagem de uma borda, simbolizando sua posição liminar entre a segurança e o abismo. A imagem de 'linhas de projéteis teleguiados' que atravessam a 'vestimenta retardante de chamas da multidão' sugere a violência e a impessoalidade da vida urbana, onde as pessoas são protegidas, mas ainda vulneráveis.

O refrão 'Eles vão quebrar, eles vão queimar, mas parece honesto' repete várias vezes, enfatizando a autenticidade da dor e da luta. A honestidade aqui pode ser vista como uma aceitação da realidade brutal da existência, onde a destruição e o sofrimento são inevitáveis, mas também genuínos. A repetição da frase 'parece honesto' reforça a ideia de que, apesar de tudo, há uma verdade inegável na experiência humana, mesmo nas suas partes mais sombrias e dolorosas.