Arrepio

A Tensão Urbana e a Busca por Alívio em 'Arrepio' de Caio Ocean

A música 'Arrepio' de Caio Ocean é uma representação vívida da vida urbana e das tensões que a acompanham. A letra descreve um cenário onde o protagonista, com seu 'cabelin' na régua', ou seja, com um visual impecável, navega pelas ruas da cidade. A expressão 'lhe tremi na base, mas, ele não é epiléptico' sugere um estado de nervosismo e alerta constante, mas sem perder o controle. A menção a 'armamento bélico' e 'púpila dilatada' indica um ambiente de perigo e uso de substâncias, refletindo a realidade de muitos jovens em áreas urbanas.

O refrão repetitivo enfatiza a rotina do protagonista: 'fumando vários beck, dentro de um carro com vidro fechado'. Essa imagem é um retrato da busca por alívio e escape das pressões diárias. A frase 'quem não deve não teme' contrasta com a realidade de que, mesmo sem dever, há um medo constante da abordagem policial ('esse cana para a gente'). A repetição de 'eu só ando carregado' pode ser interpretada tanto literal quanto metaforicamente, indicando que ele está sempre preparado para enfrentar os desafios, seja com substâncias para aliviar o estresse ou com uma postura defensiva.

A música também aborda a exaustão do trabalho ('meu trabalho foi puxado') e a necessidade de encontrar formas de relaxar ('ando com a planta, pra ver se dá aquela aliviada'). O 'arrepio esquelético' e a 'neurose com doses de frenético' são metáforas poderosas para descrever a ansiedade e a tensão que permeiam a vida do protagonista. Caio Ocean utiliza uma linguagem crua e direta para pintar um quadro realista e, ao mesmo tempo, poético da vida urbana, onde a busca por alívio é constante e a tensão é palpável.