O Pintor
Camargo e Odilon
Armei a tela na passagem do caminho
Era tão linda a florada lá na serra
E cada dia eu pintava um pouquinho
Eu não sabia que era o fim da primavera
E de repente fui notando coisas estranhas
E no meu peito provocando grande dor
As flores foram despregando das montanhas
E o meu desenho também foi perdendo a cor
Tentei pintar um velho carro de boi
Que na estradinha do outro lado atravessou
Mais uma vez o meu sonho assim foi
Fiquei na espera mas o carro não voltou
Eu não sabia que o carreiro ia fugindo
Do asfalto negro que rondava por aí
E o meu desenho que ia ser muito bonito
Novamente na metade interrompi
Eu quis pintar a linda pombinha branca
Que na galhada do arvoredo apareceu
Na hora exata ouvi um tiro certeiro
E junto a relva ela desapareceu
Fiquei parado meu pincel caiu da mão
E essas coisas pra um pintor machuca e dói
Não adianta desenhar a natureza
Pois quando eu tento vem alguém e a destrói
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