Fado Lezíria

A Alma Ribatejana em 'Fado Lezíria' de Carlos do Carmo

A música 'Fado Lezíria' de Carlos do Carmo é uma ode à região do Ribatejo, em Portugal, e à vida dos campinos, os homens que trabalham com o gado nas planícies aluviais conhecidas como lezírias. A letra começa com uma imagem poética do cavalo do narrador galopando pela areia e bebendo a água do mar, uma metáfora que pode simbolizar a fusão entre a natureza e a cultura local. A referência à 'maré viva dos esteiros' e à 'água chorada a vida inteira' evoca a dureza e a beleza da vida dos pioneiros que moldaram essa terra.

O refrão da música é um chamado à coragem e à esperança. 'Tira o barrete, põe o colete' sugere uma preparação para enfrentar desafios, enquanto 'de homem p'ra homem enfrenta o touro' é uma metáfora clara para enfrentar os obstáculos da vida com bravura. A cor verde, mencionada várias vezes, simboliza a esperança e a riqueza ('verde é ouro'), e o 'ginete' (cavalo) é um símbolo de força e liberdade. A expressão 'tira do verde todo o verdete' pode ser interpretada como um apelo para purificar e valorizar o que é genuíno e autêntico na cultura ribatejana.

A segunda estrofe traz referências culturais mais amplas, como o poeta espanhol Federico García Lorca e o escritor português Alves Redol. Lorca, conhecido por sua paixão pela cultura andaluza e pelas touradas, é mencionado como alguém que busca inspiração na arena, enquanto Redol, um dos principais autores do neorrealismo português, é lembrado por sua prosa que captura a dualidade da vida, entre luz e sombra. Essas referências enriquecem a música, conectando a vida ribatejana a um contexto cultural mais amplo e destacando a universalidade das experiências humanas retratadas.