Amar

A Essência do Amor na Poesia de Drummond

A poesia "Amar" de Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores poetas da literatura brasileira, reflete sobre a natureza intrínseca do amor e sua inevitabilidade na condição humana. Através de uma série de questionamentos retóricos, Drummond explora a ideia de que amar é uma ação fundamental e inerente ao ser, algo que transcende a racionalidade e se manifesta em diversas formas e contextos.

O poema começa com uma indagação sobre o que resta a uma criatura senão amar entre outras criaturas, sugerindo que o amor é uma necessidade básica e um impulso vital. A repetição da palavra "amar" em diferentes construções - amar e esquecer, amar e malamar, desamar - ilustra a complexidade e a multiplicidade do amor, que pode ser ao mesmo tempo gratificante e doloroso, simples e complicado. A referência aos "olhos vidrados" pode simbolizar o amor incondicional e persistente, mesmo diante da indiferença ou do vazio.

Drummond estende o conceito de amor para além das relações humanas, contemplando o amor pelas coisas inanimadas e pela natureza - o mar, as palmas do deserto, um vaso sem flor. Essa universalidade do amor reflete uma busca constante por conexão e significado em um mundo que muitas vezes parece indiferente ou hostil. O poeta conclui que o destino humano é amar sem limites, mesmo quando esse amor não é correspondido ou quando se ama a própria falta de amor. A poesia de Drummond, portanto, nos convida a refletir sobre a capacidade humana de encontrar amor em todos os aspectos da vida, apesar das adversidades e da 'sede infinita' que nunca é completamente saciada.