Uno Y Uno

A Queda de um Pretensioso: A História de 'Uno Y Uno' de Carlos Gardel

A música 'Uno Y Uno' de Carlos Gardel é uma crítica mordaz e irônica a um personagem que, outrora, era visto como um grande conquistador e ostentador, mas que agora se encontra em uma situação de decadência e desespero. Gardel, conhecido por suas tangos que frequentemente abordam temas de amor, perda e a vida urbana, utiliza esta canção para pintar um retrato vívido de alguém que perdeu tudo o que tinha de valor, tanto material quanto social.

No início da letra, Gardel descreve o personagem como um 'gil a la gurda', ou seja, um tolo que se acha esperto. Ele era pretensioso e charlatão, mas agora se tornou um 'andrajo', um trapo humano que ninguém mais leva a sério. A letra faz uso de gírias e expressões típicas do lunfardo, o dialeto dos bairros populares de Buenos Aires, o que adiciona uma camada de autenticidade e localismo à narrativa.

A música continua a descrever a queda do personagem, que antes se gabava de suas conquistas amorosas e de sua riqueza. Termos como 'jailefe' (chefe) e 'tayador' (conquistador) são usados para ilustrar sua antiga vida de luxo e poder. No entanto, agora ele não tem mais os 'briyos' (brilhos) e o 'pacoy' (dinheiro) que ostentava. Gardel faz uma crítica ao materialismo e à superficialidade, mostrando como esses valores são efêmeros e podem levar à ruína.

No final, a música destaca a completa transformação do personagem. Ele não tem mais os 'tarros de colores' (carros coloridos) nem os 'almuerzos en el Julien' (almoços no restaurante Julien). Agora, ele se contenta com o mínimo, 'uno y uno', uma expressão que sugere que ele está vivendo de forma muito modesta, talvez até mendigando. A música é um lembrete poderoso da fragilidade da fortuna e da importância de valores mais duradouros.