Romper da Aurora
Carreiro e Carreirinho
Cabocla, eu vivo triste
Desde que fostes simbora
Sinto aqui dentro do peito
Uma dor que me devora
É triste uma despedida
Quando se ama e adora
Mas homem quando é homem
Sofre calado e não chora
Deitado na minha cama
Quando vem rompendo a aurora
Sinto uma dor esquisita
O peito quase não escora
Não posso pegar no sono
Levanto e saio pra fora
Vejo o seu rosto risonho
Todo instante e toda hora
Tem dia que dá vontade
De sair pro mundo afora
Quem sabe a saudade acalma
Pra longe eu indo me embora
Na capela do arraial
Toda a tardinha as seis horas
Pra aliviar minha dor
Peço pra Nossa Senhora
Coração dentro do peito
Tá roxo que nem amora
Quando olho em seu retrato
Eu dou suspiro e melhora
A saudade de você
É só o que me resta agora
Adeus minha estrela d’alva
Que entrou no romper da aurora
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