A Experiência (Preto Velho)
Claudivan Santiago
Ainda menino, no auge da inocência
Pra fazer uma experiência
Um preto velho me chamou
Prum grande encontro
No meio da encruzilhada
Com a “verdade” decantada
Nos tempos do meu avô
Teria tudo: riqueza, sabedoria
Me tornaria invencível, com eterna proteção
Bastava apenas aceitar a “divindade”
E incluir sua “verdade” no coração
Êh, Preto Velho, me diga qual é?
Êh, Preto Velho, me diga qual é?
Eu não ando por essa estrada
Não abro mão da minha fé
Ele falava olhando pro infinito
Num gestual esquisito
Como se visse alguém
Palavras negras saiam da sua boca
E um coração de vozes roucas
Respondia do além
Na terra, vi sombras de argolas douradas
E no alto a divindade
Preparando a invasão
Suava frio, minhas pernas tremulavam
E os anjos de Deus me davam a proteção
Êh, Preto Velho, me diga qual é?
Êh, Preto Velho, me diga qual é?
Eu não ando por essa estrada
Não abro mão da minha fé
Sentido perto aquela força maldita
Inclinei minha cabeça
E com o poder da oração
Repreendi a legião dos encantados
Por Preto Velho chamados até o chão
Foi um suplício
O tempo fechou de repente
Só ouvia ranger de dentes
E gritos desesperados
E o Preto Velho então perdeu a consciência
Quando viu que a experiência
Tinha dado errado
Êh, Preto Velho, me diga qual é?
Êh, Preto Velho, me diga qual é?
Eu não ando por essa estrada
Não abro mão da minha fé
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