Cheiro de Galpão
Clóvis Mendes
Esta vaneira tem um cheiro de galpão
Que reacende o meu olfato de guri
É pai de fogo da memória dos fogões
Essência bugra que me trouxe até aqui.
Esta vaneira tem um cheiro chimarrão
De seiva chucra derramada no braseiro
(Quando a fumaça do ângico se mistura
Com o odor de figueirilha no palheiro.) 2x
Esta vaneira tem um quê de quero mais
Que reativa um paladar que já foi meu
Relembra a rapa da panela que furou
E num cantinho da memória se perdeu.
Esta vaneira tem sabor de araça
Jaboticaba, guabiroba e ariticum
(Por isso lembro o tempo bueno de piá
Enlambuzado de pitanga e guabiju.) 2x
Esta vaneira tem o dom de reviver
Fazer as cores que o tempo desbotou
Sentir as formas que o tato esqueceu
E ser de novo o que eu fui e já não sou.
Esta vaneira tem um quê de nostalgia
Que traz de volta o romantismo do cantor
(Revigorando um coração que endureceu
E não queria mais ouvir falar de amor) 2x
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