João Saudade
Clóvis Mendes
No estilo da estampa um resto de pampa Farrapo nos trapos
Bombacha já rota melena revolta e um jeito de guapo
Chapéu deformado um lenço rasgado ainda bandeira
Guaiaca roída rimando com a vida do João da Fronteira
Por quê, oh João deixaste o galpão
E a lida campeira pra ser na cidade
Mais um João-saudade, sem eira, nem beira
Seu moço, o senhor não sabe a saudade de um campeiro
Que se extraviou na cidade grande na lida de papeleiro
Eu ando marcado de cincha nessa carrocha que eu pucho
Usando uns restos de pilchas do que sobrou de um gaúcho
O João da favela que a vida atrela a um carro de mão
É João-lá-de-fora, repontando agora papel, papelão
E assim, quem diria, que a sorte um dia lhe desse este pealo
O João já nem sente que ontem ginete é hoje o cavalo
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