Asylum

A Revolta Contra a Hipocrisia Religiosa em 'Asylum' do Crass

A música 'Asylum' da banda Crass é uma crítica feroz e visceral à figura de Jesus Cristo e, por extensão, à hipocrisia e opressão que a banda vê na religião organizada. A letra é carregada de imagens fortes e linguagem explícita, refletindo uma profunda raiva e desilusão com a forma como a religião tem sido usada para justificar violência, opressão e controle. A banda Crass, conhecida por seu estilo punk anarquista, frequentemente aborda temas de injustiça social, política e religiosa em suas músicas, e 'Asylum' não é exceção.

A letra começa com uma rejeição direta de Cristo, descrevendo-o como alguém que se deleita em sua própria crucificação e sofrimento. A figura de Jesus é retratada não como um salvador, mas como um símbolo de opressão e violência. A repetição de palavras como 'vomit' e 'shit' serve para intensificar o desprezo e a repulsa que o narrador sente em relação a essa figura religiosa. A música também faz referências explícitas a eventos históricos de extrema violência, como o Holocausto e o bombardeio de Hiroshima, sugerindo que a culpa e o pecado de tais atrocidades são atribuídos à figura de Cristo e à religião que ele representa.

A letra também aborda a opressão das mulheres, descrevendo a cruz como o 'corpo virgem da feminilidade' que é profanado. A figura de Jesus é acusada de ser um 'profeta do amor estéril e impotente', que teme tanto homens quanto mulheres. A repetição da palavra 'warfare' no final da música enfatiza a ideia de que a religião, em vez de trazer paz e amor, perpetua a guerra e a destruição. A música termina com a declaração de que 'Jesus morreu por seus próprios pecados, não pelos meus', rejeitando completamente a ideia de redenção através de Cristo e afirmando a autonomia e a responsabilidade individual.

'Asylum' é uma música que desafia e provoca, forçando o ouvinte a confrontar as maneiras pelas quais a religião pode ser usada para justificar a opressão e a violência. Através de sua linguagem crua e imagens chocantes, Crass busca despertar uma consciência crítica e uma rejeição das estruturas de poder que perpetuam a injustiça.