Nas Patas do Meu Cavalo
Cristiano Quevedo
Na boca o gosto do mate,
Cruzando as várzeas me calo
Só pra ouvir o bate bate,
Das patas do meu cavalo
E abrindo as asas do pala
Pra o sol, amigo que eu tenho,
Num trote manso me embala
Como se eu fosse um desenho
Sou hoje o que já fui ontem:
Gaudério, um guasca sem lei
Meu rumo é lá no horizonte
Da paz que eu sempre sonhei
O vento escuta o que eu falo
Num verso feito oração
Nas patas do meu cavalo
Me sinto com os pés no chão
Já muito eu tenho viajado,
Rédea solta, sem volver
Pachola e despeonado,
Assim nasci _vou morrer
Minha sina passarinheira
Me ensita a seguir viagem
Fechando e abrindo porteiras,
Não peço nem dou vantagem
Dinheiro eu não faço conta,
Sou assim e me defino
"prenda" fiel da minha honra,
"patroa" do meu destino
O vento escuta o que eu falo...
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