Quero-quero

A Poética do Cotidiano em 'Quero-quero' de Djavan

A música 'Quero-quero' de Djavan é uma rica tapeçaria de imagens e metáforas que exploram o cotidiano, as relações humanas e a busca por estabilidade emocional. Djavan, conhecido por sua habilidade em mesclar elementos da música popular brasileira com letras poéticas e introspectivas, utiliza nesta canção uma série de metáforas para descrever a vida e os sentimentos de seus personagens.

A letra começa com uma referência ao banho de bacia, uma prática comum em tempos passados, simbolizando a simplicidade e a efemeridade das coisas boas da vida, como a água quente que logo esfria. A figura das andorinhas, aves migratórias, é usada para representar uma pessoa que está sempre em movimento, incapaz de se fixar em um lugar ou em um relacionamento. Djavan sugere que essa pessoa deveria pousar em sua vida, parar de fugir e encontrar estabilidade.

A canção também aborda temas de amor e desejo, com referências a rituais e tradições culturais, como o visual umbanda e a novena na igrejinha. Esses elementos trazem à tona a riqueza da cultura brasileira e a forma como ela se entrelaça com as experiências pessoais. A narrativa se desenrola com uma mistura de humor e melancolia, como na passagem em que o narrador descobre que pode ser pai de uma criança, uma situação que ele descreve como 'graça sem graça'.

No final, a imagem do quero-quero, uma ave que canta ao amanhecer, simboliza a esperança e a renovação. A música termina com um apelo para que a pessoa amada não vá embora, enfatizando a importância de permanecer e enfrentar os desafios juntos. Djavan, com sua habilidade lírica, transforma cenas do cotidiano em uma reflexão profunda sobre a vida, o amor e a busca por um lugar onde se possa finalmente pousar e encontrar paz.