Os Olhos do Meu Cavalo
Fabiano Bachieri
"Aos poucos vão indo embora
as coisas que eu mais gostava,
quando morreu meu cavalo por certo
Deus descansava"
Era uma tarde de outubro
e um silencio de sol por,
um vento nas madre silvas
ventava nuns fios de dor
no céu azul do potreiro
a corvada em voos rasos
trazia garras de morte
mas a gente nem fez caso
quando a manha veio cedo
na recorridas pra encilha
faltava um baio sebruno
na forma da minha tropilha
um peão de olhos baixos
de freio e mango na mão,
me disse com dor na alma:
-Morreu seu baio patrão!
As crinas sobre as macegas
cardavam teias de aranha
e que a manha ainda agora,
tinha posto na campanha
e os olhos do meu cavalo
que a pouco não viam nada
já tinham ganhado o céu
pelas garras da corvada
"Ficou um silencio largo
talvez faltando um relincho
só um choro pelo arame
pelo cantar dos pelinchos
olhando o baio estendido
pensei bem quieto comigo
Isto não é coisa parceiro que
se faça com um amigo !"
Coisa triste de se ver
um amigo desse jeito
ontem mesmo lhe apertei
a cincha no osso do peito
e hoje lhe vejo assim
posto em partida sem viço
se Deus bem sabe o que faz
não tava sabendo disso
"se vai embora meu baio
o pingo que eu mais gostava
quando morreu meu cavalo
quando morreu meu cavalo
por certo Deus descansava"
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