Folhetim

A Ironia e a Liberdade Feminina em 'Folhetim' de Gal Costa

A música 'Folhetim', interpretada por Gal Costa, é uma obra que transita entre a ironia e a crítica social, abordando a liberdade feminina e as relações amorosas efêmeras. A letra, escrita por Chico Buarque, apresenta uma mulher que se mostra disponível aos caprichos de um homem, desde que ele atenda a pequenas vontades e presentes triviais, como uma noitada boa ou um corte de cetim. A personagem central da canção parece jogar com as expectativas do homem, fazendo-o acreditar que ele a possui, quando, na verdade, ela mantém o controle da situação.

A repetição do verso 'Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim' sugere uma disposição em agradar, mas essa disposição é superficial e temporária, como indica a estrofe que segue a noite de encontro. A manhã seguinte traz a realidade crua: o homem é descartado, tornando-se 'página virada' no 'folhetim' da vida da mulher. Essa metáfora do folhetim, que pode ser entendida como uma série de histórias ou aventuras passageiras, ressalta a natureza transitória das relações descritas na música e a autonomia da mulher em relação a seus parceiros.

A canção, portanto, pode ser vista como uma crítica à objetificação da mulher e ao mesmo tempo uma celebração da sua independência e poder de escolha. Gal Costa, com sua voz marcante, dá vida a essa personagem que desafia as convenções e se coloca como protagonista de sua própria história, não se deixando possuir por ninguém.