Parque Industrial

Crítica ao Progresso e à Cultura de Massa em 'Parque Industrial'

A música 'Parque Industrial' de Gilberto Gil é uma crítica mordaz ao avanço industrial e à cultura de massa no Brasil. A letra começa com uma imagem de um céu retocado de anil e bandeirolas, simbolizando uma tentativa de maquiar a realidade com uma aparência festiva e patriótica. A 'grande festa em toda a nação' e as 'orações' para o avanço industrial sugerem uma ironia sobre a crença de que o progresso econômico trará redenção e felicidade para todos.

Gilberto Gil utiliza metáforas como 'garotas propaganda' e 'aeromoças' para ilustrar a superficialidade e a artificialidade da alegria promovida pela mídia e pela publicidade. O 'sorriso engarrafado' que 'vem pronto e tabelado' é uma crítica direta à comercialização das emoções e à padronização da felicidade, que pode ser 'requentada e usada'. A repetição de 'made in Brazil' reforça a ideia de que essa cultura de massa é um produto fabricado, sem autenticidade.

A segunda parte da música aborda a moralidade e a mídia sensacionalista. A 'revista moralista' e o 'jornal popular' que 'nunca se espreme porque pode derramar' são críticas à hipocrisia e ao sensacionalismo da imprensa. O 'banco de sangue encadernado' é uma metáfora poderosa para a violência e o drama explorados pela mídia, que são consumidos de forma passiva pelo público. A repetição do refrão 'made in Brazil' ao longo da música serve como um lembrete constante de que essas questões são intrínsecas à sociedade brasileira, fabricadas e perpetuadas internamente.