Noite de S.João
Gisela João
Era noite de verão
E em véspera de São João
Toda a gente vai pra rua
Saí de camisa rosa
Saia curta perna airosa
Batom e verniz nas unhas
Saí de camisa rosa
Saia curta perna airosa
Batom e verniz nas unhas
Numa mão tinha um martelo
Que era verde e amarelo
E na outra o alho-porro
Desci até à ribeira
Com a ponte mesmo à beira
Que é de onde se vê o fogo
Desci até à ribeira
Com a ponte mesmo à beira
Que é de onde se vê o fogo
E ao chegar a Miragaia
Onde fui rodar a saia
Senti calor no decote
Quando avisto a dada altura
A comer uma fartura
O moço dos carros de choque
Quando avisto a dada altura
A comer uma fartura
O moço dos carros de choque
Ele era moreno e alto
E eu que até sou contralto
Piava fino com ele
Ficava toda nervosa
Só de ouvir aquela prosa
Que me arrepiava a pele
Ficava toda nervosa
Só de ouvir aquela prosa
Que me arrepiava a pele
Fomos juntos para a foz
E ali estávamos nós
A ver os balões no céu
Quando apareceu a Rute
Que chegou como um abutre
A dizer que ele era seu
Quando apareceu a Rute
Que chegou como um abutre
A dizer que ele era seu
Como quem salta a fogueira
Fui pra bulha disse asneiras
E esfreguei-lhe o alho-porro
E fresca como um manjerico
Engatei um mais bonito
Que apareceu em meu socorro
E fresca como um manjerico
Engatei um mais bonito
Que apareceu em meu socorro
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