Let's Play That

A Subversão Poética de Jards Macalé em 'Let's Play That'

A música 'Let's Play That' de Jards Macalé é uma obra que mistura elementos de poesia e subversão, características marcantes do artista. A letra começa com a imagem de um anjo que vem ler a mão do narrador no momento de seu nascimento. Este anjo, descrito como louco, solto e torto, foge da representação tradicional de anjos barrocos, que são geralmente vistos como figuras serenas e perfeitas. Em vez disso, o anjo de Macalé é um ser livre e desajustado, com asas de avião, sugerindo uma modernidade e uma ruptura com o passado.

A mensagem do anjo é igualmente subversiva. Ao apertar a mão do narrador, ele o encoraja a 'desafinar o coro dos contentes'. Esta frase é uma metáfora poderosa que sugere a necessidade de questionar e desafiar o status quo, de não se conformar com a felicidade superficial e imposta pela sociedade. A expressão 'desafinar' implica em criar dissonância, em não seguir a harmonia esperada, o que pode ser interpretado como um chamado à rebeldia e à autenticidade.

O refrão 'Let's play that' reforça essa ideia de liberdade e experimentação. A expressão em inglês, que pode ser traduzida como 'Vamos tocar isso', sugere uma atitude lúdica e aberta à improvisação. Jards Macalé, conhecido por sua abordagem experimental e por desafiar as convenções musicais, utiliza essa frase para convidar o ouvinte a participar dessa jornada de descoberta e subversão. A música, portanto, é um manifesto poético que celebra a liberdade individual e a coragem de ser diferente.