De Frente Pro Crime

A Indiferença Urbana em 'De Frente Pro Crime'

A música 'De Frente Pro Crime', composta por João Bosco, é uma crítica social que retrata a indiferença e a banalização da violência nas grandes cidades. Através de uma narrativa que descreve uma cena de crime, o compositor expõe como a vida urbana pode ser desumanizada e como as pessoas podem se tornar insensíveis diante de tragédias.

No início da canção, a descrição de um corpo estendido no chão, substituindo o rosto por uma foto de um gol, sugere a despersonalização da vítima, que é vista apenas como mais um número nas estatísticas de violência. A reação das pessoas ao redor, que inclui malandros, trabalhadores e bêbados, é de completa apatia, onde a morte se torna apenas um pano de fundo para as atividades cotidianas, como beber e fazer discursos políticos.

A presença do camelô vendendo itens baratos e da baiana fazendo comida de rua, mesmo diante de um cenário de morte, ilustra a normalização da violência e a continuidade da vida, como se nada tivesse acontecido. O fechamento da janela pelo narrador, 'de frente pro crime', é uma metáfora para o fechamento emocional das pessoas, que preferem ignorar a realidade violenta a enfrentá-la. A música de João Bosco, portanto, é um retrato sombrio da sociedade urbana, onde a indiferença se torna uma resposta comum diante do caos social.