Mal Nenhum
Kátia Freitas
Nunca viram ninguém triste
por que não me deixam em paz?
As guerras são tão tristes
E não tem nada demais
Me deixem, bicho acuado
por um inimigo imaginário
correndo atrás dos carros
como um cachorro otário
Me deixem em ataque equivocado
Por um falso alarme
Quebrando objetos inúteis
Como quem leva uma topada
Me deixem amolar e esmurrar
a faca cega, cega da paixão
a dar tiros a esmo
e ferir o mesmo cego coração
Não escondam suas crianças,
não
nem chamem o síndico
nem chamem a polícia
nem chamem o hospício, não
Eu não posso causar mal nenhum
a não ser a mim mesmo
a não ser a mim mesmo
a não ser a mim
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